Texto: Sérgio Barza
Em 1967 o violinista Cussy de Almeida assume a direção do conservatório Pernambucano de Música e promove, com total apoio do Governo do Estado, uma ampla recuperação e reformulação da instituição, física , administrativa e pedagógica.
Era desejo do novo diretor a criação de um conjunto instrumental de câmera, para fazer música em alto nível como as orquestras de câmara que ele havia conhecido em seus anos de estudo na Europa. Os maiores referenciais eram a Orquestra de câmara da Basiléia (Basler Kammerorchester) e o grupo I Misici, de Roma.
Cussy de Almeida teve uma intensa vida musical no Exterior. Nos seus primeiros anos, ainda em Paris, conviveu com Villa-Lobos, e admirava a estética da recriação do folclore e da música urbana que o compositor criara. Essa direção musical seria um diferencial na nova orquestra do Conservatório, mesmo porque ele tinha planos que incluíam a divulgação por todo o Brasil, e mesmo no Exterior.
Essas ideias foram reforçadas com o reencontro com o violinista e compositor Jarbas Maciel, que influenciado por Guerra-Peixe, começava a trabalhar na composição de uma música nordestina de concerto, ao lado do compositor e arranjador Clóvis Pereira. Essa seria, porém, apenas uma faceta do grupo, que também incluiria o repertório erudito, do Barroco ao Século XX. Era prioritário que o nível de execução fosse perfeito, o que demandou incontáveis ensaios feitos pelo exigente spalla e diretor musical.
Entre os objetivos da orquestra estavam o aperfeiçoamento do gosto do público de Pernambuco e, em especial, a realização de concertos em todo o Estado incluindo, sempre que possível, concertos em estabelecimentos de ensino, para despertar entre os estudantes o interesse pela música clássica e barroca. A orquestra contava com os melhores músicos disponíveis no Recife, como Emilio Sobel, Piero Severi, Arlindo Teixeira, Elias Benjamin (Benny) Wolkoff, Otto Schmidt Junior, Rafael Garcia, Maria do Socorro Johnson Wolkof, José Carrión, Jarbas Maciel e o violoncelista Sílvio Araújo Coelho, convidado para atuar como contrabaixista na orquestra.
No Conselho Estadual de Cultura, Cussy de Almeida conviveu com o escritor Ariano Vilar Suassuna, que tinha ideias de congregar artistas de diversas áreas culturais que buscavam a criação de uma arte de inspiração nordestina. Logo estariam fazendo as experiências sonoras do que viria a ser a Música Armorial. Como Cussy de Almeida não queria que o grupo tivesse um nome comum, aceita a sugestão de batizar o conjunto como Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco.
A Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco estreia no dia 21 de agosto de 1970, durante o Concurso Sul Americano de Execução Musical, na Igreja de São Pedro dos Clérigos, num programa exclusivamente barroco. Os solistas da noite foram o próprio Cussy de Almeida, o violoncelista Piero Severi, e o violonista Henrique Annes, que na ocasião tocou alaúde.
O grupo, e o movimento que iniciava, tiveram uma vantagem histórica, a nova orientação nacionalista, estimulada pelo Governo Federal, apoiado no "Milagre Econômico", que pensava num Brasil grande, em que cada região teria importância igual. O Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste ganharam uma projeção que antes só era reservada ás regiões Sudeste e Sul. O Movimento Armorial recebe uma atenção, e financiamento, que possivelmente alguns antes não teriam.
Aos objetivos iniciais da Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco juntam-se então a recriação da música nordestina em moldes eruditos e o redescobrimento do Barroco Brasileiro. Além das cordas friccionadas, foram adicionadas as sonoridades da flauta e percussão, emulando o Pífano e a Zabumba. O concerto de estreia do Movimento Armorial seria o quinto da Orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco, e ocorreria no dia 18 de outubro de 1970.
A partir daí, além dos objetivos da orquestra, definidos anteriormente, juntaram-se os objetivos da Música Armorial, que eram a recriação da música nordestina em bases eruditas, o redescobrimento do Barroco Brasileiro, e a divulgação do Medieval e do Barroco Europeu. A Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco é oficialmente vinculada ao Conservatório Pernambucano de Música pelo Decreto Estadual nº 2302 de 9 de fevereiro de 1971.
A primeira fase da Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco durou cerca de dez anos, com cinco discos oficiais e reconhecimento de público e crítica no Brasil e Exterior. Durante esses anos foi o carro chefe do Movimento Armorial, trabalhou com os maiores regentes e acompanhou os mais importantes solistas brasileiros da época. Nos anos 1990, ainda haveria uma segunda fase, com importantes concertos e mais dois discos.
O Conservatório pernambucano de Música, com este concerto, homenageia um conjunto musical que nasceu nessa instituição e que marcou época ano Brasil. É também uma afirmação do real papel do Conservatório na criação de um importante capítulo da Música Erudita Brasileira e, simultaneamente, integra a Semana da Música 2015 da UFPE.
Programa
Parte I
Mourão
(Guerra Peixe/Clóvis Pereira)
Sem Lei, nem Rei
I. Repente Esporeado
(Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba)
Aboio
(Cussy de Almeida)
Solista: Mariza Johnson
A Pedra do Reino
I. Chamada
II. Aboio
III. Cavalo Marinho
(Jarbas MAciel)
Parte II
Grande Missa Nordestina
(Clóvis Pereira)
I.Kyrie
II.Gloria
III.Credo
IV. Sanctus/Bebedictus
V. Agnus Dei
Solistas: Virgínia Cavalcanti (mezzo soprano)
Jadiel Gomes (tenor)
Regência e direção artística: José Renato Accioly
Maestro Assistente: Carlso Santos
Coordenação: Rafael Dantas
Produção executiva: Carla Navarro
Orquestra da Câmera de Pernambuco
Corais:
Contracantos
Regência Flávio Medeiros
Pianista: Bruno Mota
Coro de Câmera do Conservatório Pernambucano de Música
Regência Mônica Muniz
Pianista: Jetro Rodrigues
No Conselho Estadual de Cultura, Cussy de Almeida conviveu com o escritor Ariano Vilar Suassuna, que tinha ideias de congregar artistas de diversas áreas culturais que buscavam a criação de uma arte de inspiração nordestina. Logo estariam fazendo as experiências sonoras do que viria a ser a Música Armorial. Como Cussy de Almeida não queria que o grupo tivesse um nome comum, aceita a sugestão de batizar o conjunto como Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco.
A Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco estreia no dia 21 de agosto de 1970, durante o Concurso Sul Americano de Execução Musical, na Igreja de São Pedro dos Clérigos, num programa exclusivamente barroco. Os solistas da noite foram o próprio Cussy de Almeida, o violoncelista Piero Severi, e o violonista Henrique Annes, que na ocasião tocou alaúde.
O grupo, e o movimento que iniciava, tiveram uma vantagem histórica, a nova orientação nacionalista, estimulada pelo Governo Federal, apoiado no "Milagre Econômico", que pensava num Brasil grande, em que cada região teria importância igual. O Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste ganharam uma projeção que antes só era reservada ás regiões Sudeste e Sul. O Movimento Armorial recebe uma atenção, e financiamento, que possivelmente alguns antes não teriam.
Aos objetivos iniciais da Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco juntam-se então a recriação da música nordestina em moldes eruditos e o redescobrimento do Barroco Brasileiro. Além das cordas friccionadas, foram adicionadas as sonoridades da flauta e percussão, emulando o Pífano e a Zabumba. O concerto de estreia do Movimento Armorial seria o quinto da Orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco, e ocorreria no dia 18 de outubro de 1970.
A partir daí, além dos objetivos da orquestra, definidos anteriormente, juntaram-se os objetivos da Música Armorial, que eram a recriação da música nordestina em bases eruditas, o redescobrimento do Barroco Brasileiro, e a divulgação do Medieval e do Barroco Europeu. A Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco é oficialmente vinculada ao Conservatório Pernambucano de Música pelo Decreto Estadual nº 2302 de 9 de fevereiro de 1971.
A primeira fase da Orquestra Armorial de Câmera de Pernambuco durou cerca de dez anos, com cinco discos oficiais e reconhecimento de público e crítica no Brasil e Exterior. Durante esses anos foi o carro chefe do Movimento Armorial, trabalhou com os maiores regentes e acompanhou os mais importantes solistas brasileiros da época. Nos anos 1990, ainda haveria uma segunda fase, com importantes concertos e mais dois discos.
O Conservatório pernambucano de Música, com este concerto, homenageia um conjunto musical que nasceu nessa instituição e que marcou época ano Brasil. É também uma afirmação do real papel do Conservatório na criação de um importante capítulo da Música Erudita Brasileira e, simultaneamente, integra a Semana da Música 2015 da UFPE.
Programa
Parte I
Mourão
(Guerra Peixe/Clóvis Pereira)
Sem Lei, nem Rei
I. Repente Esporeado
(Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba)
Aboio
(Cussy de Almeida)
Solista: Mariza Johnson
A Pedra do Reino
I. Chamada
II. Aboio
III. Cavalo Marinho
(Jarbas MAciel)
Parte II
Grande Missa Nordestina
(Clóvis Pereira)
I.Kyrie
II.Gloria
III.Credo
IV. Sanctus/Bebedictus
V. Agnus Dei
Solistas: Virgínia Cavalcanti (mezzo soprano)
Jadiel Gomes (tenor)
Regência e direção artística: José Renato Accioly
Maestro Assistente: Carlso Santos
Coordenação: Rafael Dantas
Produção executiva: Carla Navarro
Orquestra da Câmera de Pernambuco
Corais:
Contracantos
Regência Flávio Medeiros
Pianista: Bruno Mota
Coro de Câmera do Conservatório Pernambucano de Música
Regência Mônica Muniz
Pianista: Jetro Rodrigues
Abaixo algumas fotos e vídeos com trechos da apresentação da orquestra e grande coro.
No centro, o Tenor Jefferson Douglas
E claro que a turma do Accordis não deixaria de prestigiar o evento e o querido tenor Jefferson Douglas
A Pedra do Reino
Kyrie
Gloria
Credo
Sanctus
Benedictus
Agnus Dei
Gente, o que é esse Kyrie em ritmo de Caboclinho??? Mais nordestino e belo que isso não existe!!! Perfeito, muito emocionado...
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