Amigos.
Segue um texto muito interessante que encontrei, falando sobre a história dessa arte maravilhosa da qual fazemos parte e contribuímos de forma tão bela. O Canto Coral.
A História do Canto
Coral
O Coro é o mais antigo entre os grandes agentes
sonoros coletivos. Antigos documentos do Egito e Mesopotâmia revelam-nos a
existência de uma prática coral ligada aos cultos religiosos e às danças
sagradas. O termo Chóros possui um sentido bastante amplo e com o decorrer da
história passou por diversos significados. Em sua origem grega, Chóros,
representava um conjunto de aspectos que, somados, iam ao encontro do ideal do
antigo drama grego de Ésquilo, Sófocles, e Eurípedes. O conjunto consistia em
Poesia, Canto e Dança. O Cristianismo antigo o adotou com outros sentidos,
passando para o termo latino Chorus que significava o grupo da comunidade que
canta ou a abside (recinto poligonal em que termina o Coro da igreja) junto ao
altar, separada da comunidade pelas cancelas e mais tarde também denominada o
lugar onde se coloca o órgão.
A estrutura a mais vozes, porém deve ser
distinguida sob dois diferentes aspectos, isto é, sob o ponto de vista de
procedência e sob o ponto de vista de objetivo. O Cantus-Planus, como
representante do canto monódico, mesmo sendo executado por um Coro e a música
Figuralis, como representante do canto a mais vozes que mais tarde, assume uma
técnica mais rebuscada e artística. O elo que une os dois é que o primeiro
serviu de ponto de partida, de fundamento para o segundo, isto mais ou menos
pelos séculos VII e VIII, quando surgiu uma polifonia “aparente” com o organum,
executado em quintas paralelas, tendo por base o Choral que se impôs como Cantus
Firmus. Somente no século XI é que o sentido polifônico assumiu uma
característica mais independente, mais polifonia real, que apesar de dos ritmos
semelhantes ousava enfeitar o Cantus Firmus. Surge então o Cantus Floridus, que
quebrou a monotonia, assumindo papel mais independente, inclusive ritmicamente.
Iniciava-se o Contraponto.
Desse modo, realizou-se no século XII a
primeira reforma coral. Com uma estrutura a três vozes o coral atingiu seu
apogeu no século XIII principalmente na Escola Parisiense de Notre-Dame. Com o
desenvolvimento da técnica coral novas formas apareceram, onde se estabeleceu a
tão comum estrutura a quatro vozes.
Apareceram três formas corais distintas: O
Conductus, que possuía forma mais festiva; o Rondellus, uma espécie de cantiga
de roda; e o Motetus, que das três era que possuía maior originalidade e
consequentemente foi a que mais se desenvolveu. Mais tarde, já no século XIV com
Guilaume de Machaut, aparece a Missa, onde eram catadas as principais partes da
missa católica - Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus com Benedictus, Agnus
Dei.
Na
Grécia
Na antiga Grécia o coral já é uma organização
perfeitamente estabelecida e a ele é dado a maior importância em todas as
funções sociais. Deixa de ter caráter exclusivamente religioso e passa a fazer
parte de festas populares e orgias pomposas. Tem vida própria e passa a ser
considerado como uma das mais elevadas expressões do ser humano. Segundo os
historiadores, a lírica coral recebeu um grande impulso de Stesicoro, de Meauro,
também conhecido como Tisias e a ele se deve a origem do coro. A Arion se
atribui a criação do dethyrambo coral artístico, do qual se originou a tragédia.
O coro era chamado de circular porque evoluía em torno da estátua de Dioniso. Em
Athenas o recrutamento, vestuário e instrução de um coro era um serviço público
imposto pelo estado a todos os cidadãos que tivessem condições para mantê-lo. A
música cantada ocidental, foi primeiramente sistematizada pelo Papa Gregório I
(590 - 604) e batizada com o nome de "Canto Gregoriano". A característica do
canto gregoriano ou cantochão é a sua riqueza melódica e a ausência de
polifonia. É cantado uma única melodia em uníssono e tem o ritmo livre,
adaptando-se fielmente aos textos litúrgicos.
Em
Roma
Os romanos eram um povo que estava ligado
diretamente às guerras e as conquistas. Não inventaram nenhum instrumento,
limitando-se a copiar tudo o que havia encontrado em suas conquistas. Tinham
preferência pela flauta utilizada em solenes tiros divinos, bem como nas suas
orgias - longínquos precursores do Carnaval. Sua cultura artística foi
introduzida pelos escravos trazidos de suas inúmeras batalhas. Foram instruídos
pelos gregos e adotaram os princípios da estética. Em 336 a.C. apareceu pela
primeira vez em Roma as Pantominas Etruscas, sucessoras do teatro grego nos
quais comum era a música. Aos poucos o teatro romano adquiriu um caráter mais
satírico e popular. O Coro era de grande importância na tragédia latina.
O Coro
Cristão
Nasceu nas catacumbas de Roma sob o nome de
"Cantochão" (cantus planus). Como sempre da necessidade de unir esforços, que os
partidários da nova doutrina entoavam à divindade, pedindo auxílio para a sua
causa, e coragem para a luta sem tréguas onde o ideal cristão haveria de vencer.
Os primeiros cristãos não conheciam uma melodia capaz de expressar a pureza de
seus sentimentos, nem tão pouco um som que se prestasse às suas preces. Em 54
d.C., o apóstolo Pedro chegou a Roma, trazendo do Extremo Oriente estranhas
melodias de triste beleza e casto entusiasmo. Essas melodias estavam
estritamente ligadas aos cânticos sagrados dos judeus e seu espírito penetrou de
vez nas antigas melodias. Somente quando o Imperador Romano Constantino se
converteu ao catolicismo, a música cristã conquistou sua liberdade.
O Coral
protestante
Lutero (1483 - 1545), era frade agostiniano
devoto de Santa Ana. Rebelou-se contra a ostentação do luxo e as indulgências na
igreja católica . Em seu livro “Liberdade Cristã” publicou suas 95 teses que
provocou a revolução religiosa. Lutero era músico e percebeu que através dela
poderia organizar e propagar em toda Alemanha melodias populares e o canto
gregoriano com o repertório da língua alemã, com o objetivo de que os fiéis
entendessem o que estava sendo cantado e compreender bem o que dizia. Sua
primeira coletânea apareceu em 1524 "Enchiridion" correu o mundo criando novos
adeptos a sua doutrina.
O concílio
de trento (1545 - 1563)
O Concílio de Trento foi convocado pelo Papa
Paulo III. Era uma reunião de legados papais, bispos e teólogos realizada pela
Igreja Católica. Dentre as diversas medidas e posturas tomadas para combater o
protestantismo, o Concílio inicialmente proibia a música polifônica na igreja,
pois a polifonia confundia os fiéis e os textos litúrgicos estavam passando para
segundo plano. Mas graças a genialidade de Giovanni Pierluigi da Palestrina na
sua composição "Missa Papae Marcelli", dedicada à sua Santidade, seu protetor.
Somente a música profana que foi banida da igreja católica. Conta a lenda que
numa noite os anjos desceram do céu ao seu quarto, situado no sótão de um dos
prédios mais altos de Roma, perto da Catedral de São Pedro, e entoaram uma
maravilhosa polifonia. Palestrina, com as mãos trêmulas, simplesmente se limitou
em transcrever o que escutava.
Somente a partir do Séc. XV é que o Coro começa
assumir a estrutura que é adotada atualmente. Evidentemente, esta estrutura tem
suas raízes e práticas nos tempos que a precederam. A prática antiga já
estabelecia que qualquer agrupamento, por menor que fosse, tinha que ser
conduzido em unidade por alguém que mantivesse e guardasse essa unidade. Isso já
era constatado desde o “Chóregos” grego com sua responsabilidade de condução,
passando pelo “Magister” na igreja da baixa Idade Média. O desenvolvimento
processa-se com uma série de mudanças e reformas. Em 1324 aparece o cânone
“Summer is incumen in” na Inglaterra. Era uma sonoridade estranha para os
padrões da época, mas que contribuiu de maneira decisiva para o desenvolvimento
posterior do coro. Em 1330 aparece pela primeira vez uma missa completa a mais
vozes - “Missa de Tournais” e a missa de Machaut de 1364.
A prática coral foi cada vez mais se
desenvolvendo e se desligando do Clero. Irmandades foram surgindo no sentindo de
dedicar-se a música. Inicialmente, somente a música sacra era permitida, mas aos
poucos a música profana começou a fazer parte. Para essas irmandades, o
importante não era somente cantar, mas também de estudar. Estabeleceram-se
escolas de canto e os grupos eram formados por “Dormitoriales” - que dormiam nas
escolas e que também eram responsáveis pelos serviços da igreja, e por grupos
externos de amadores.
Os Coros de escolas também assumiam
compromissos com o canto coral e figural. A expressão máxima da forma coral é
atingida no alto Barroco com J.S.Bach e Haendel. A “Paixão” e a “Cantata”, são
juntamente com o “Oratório”, os gêneros mais cultivados. A função do coro não
era mais exclusivamente litúrgica, encontrando-se bem afastada de sua origem. A
partir dessa época criam-se associações de canto e outras agremiações congêneres
que visavam a prática do canto coral, agoira no terreno profano. A partir daí
inúmeras escolas, fundações, conservatórios, são fundados visando a restauração
e renovação da prática coral.
No Séc. XIX, o canto coral passa a ser
disciplina obrigatória nas escolas de Paris. Nessa mesma época surge a idéia dos
Festivais de Música. A prática coral assumia agora, um caráter e compromisso
mais social. O Séc. XX aprimora certas práticas e tenta voltar às origens de
cada estilo, procurando através da pesquisa, não falsear o espírito da época em
que a obra foi criada. Cada obra de arte é um espelho de sua época.
Antes de encerrarmos o capítulo sobre a
história do canto coral, é importante ressaltar que em épocas passadas os Coros
eram mantidos e estimulados pelos Reis, pelo Clero e pelas pessoas mais
abastadas. Este apoio visava manter os grupos de música para as festividades
locais e para disseminar a doutrina religiosa, atrair e integrar os fiéis às
igrejas. Também foi o elemento principal do acervo musical presente em nossos
dias. A Igreja foi responsável pela conservação e divulgação da música erudita
através dos tempos.
Texto: Eduardo Fonseca
Muito bom esse texto. Quem seria o autor?
ResponderExcluirObrigada, Rosa.